Trabalhadoras rurais: trabalho e política andam de mãos dadas
Como se sabe, a organização do trabalho é uma das atribuições do Estado que não apenas diz o que é legal ou não, mas também define o preço direta ou indiretamente, como por exemplo, através salário mínimo e do piso salarial das categorias. Nesse sentido, trabalho e política estão imbricados, podendo definir os rumos das condições de ambas as coisas.
No universo das lutas trabalhistas no espaço rural, mulheres negras têm construído um legado por vezes apagado.
Em 1973 Margarida Maria Alves, negra e alagoana, tornou-se uma das primeiras mulheres a assumir a presidência de um sindicato no país. Primeiramente tesoureira, Margarida é um nome conhecido na militância rural e símbolo de luta pela preservação da memória feminina em espaços tradicionalmente masculinos e/ou masculinizados. Em agosto de 1983 teve sua vida interrompida aos 50 anos por um matador de aluguel.
Autora de cerca de 100 ações contra patrões na região, ela é uma reconhecida militante de direitos humanos, contrária ao trabalho infantil e pela expansão dos direitos trabalhistas, que os trabalhadores urbanos já usufruiam. Margarida é uma grande figura tanto para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais como para todos os trabalhadores. Quando nossas lideranças como Rosalina Quilombola (PI), conhecida como Maria do Povo, fundadora do sindicato dos Trabalhadores (as) Rurais de Queimada Nova, aliam política com militância (tendo sido coordenadora estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí e vereadora por duas vezes de Queimada Nova), apenas estão ocupando lugares que já ocupamos, mas que muitas brasileiras e brasileiros não conhecem ou não se recordam.
Estamos aqui para lembrar !