A educação sempre foi a chave!
As principais estratégias do antirracismo brasileiro notadamente são o investimento em educação e a transformação de uma identidade subalterna (a de negra/o) em uma identidade política, como apresenta Diana Mendes em nosso livro A radical imaginação política das mulheres negras brasileiras. Podemos trazer aqui dois exemplos claros desse movimento.
Antonieta de Barros foi a primeira deputada negra eleita no Brasil pelo estado de Santa Catarina em 1934. Suas principais pautas eram a valorização profissional da mulher e o ingresso na Educação Superior. Propôs, inclusive, ser 15 de outubro o dia do professor no ano de 1948 no decurso de seu segundo mandato. Jornalista, escreveu diversas crônicas e junto de sua irmã criou uma escola de alfabetização. Antonieta é um grande exemplo do que narrou Nilma Lino em seu livro Movimento Negro Educador (GOMES, 2017) e que também podemos enxergar em nossas lideranças do Estamos Prontas e de outras mulheres desta atual geração que também são frutos das políticas públicas antirracistas.
Segundo Nilma Lino, o Movimento Negro é um dos principais educadores brasileiros ao produzir saberes emancipatórios e ao sistematizar conhecimentos sobre aquestão racial no Brasil.
Outro exemplo citado pela autora também do início do século XX, a Frente Negra Brasileira (fundada em 1931). Uma das primeiras organizações modernas identificada como um movimento social negro. Suas principais ações foram a criação de escolas para alfabetização, a criação e apoio de mídias negras independentes e chegaram a se transformar em partido político (extinto com o golpe de Getúlio Vargas em 1937).
Nossas lideranças do Amazonas, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul colocam a educação, especialmente o ato de educar para diversidade, entre seus principais compromissos de campanha. A Coletiva Bancada Amazônida (AM) é composta por Francy Júnior, Florismar Ferreira, Elisiane Andrade, Luzarina Varela, Marinete Almeida e Mariana Ferreira. Todas são todas envolvidas com educação popular e acreditam no espaço escolar como potente alavancador de histórias para um mundo melhor. Léo Simão (RO) é professora e presidente do SINTERO (Sindicato dos trabalhadores da educação do estado), atuando ativamente como representante da categoria e da escola pública brasileira.
Tati Ribeiro (RN) conhece as duas pontas do processo de educar, como educadora popular e como aluna envolvida no movimento estudantil. Professora Bartô (MS) é professora no mestrado de educação da UFMS e doutora na mesma área pela UFSCar. Ela desenvolve pesquisa em pedagogia, com ênfase em política educacional, planejamento e gestão da educação básica, formação de professores, especialmente para a educação das relações étnico-raciais.
Essas mulheres (e outras apoiadas que também são profissionais da educação) compreendem que educar para conhecer a si e respeitar os outros é fundamental, especialmente se entendemos que identidades não apenas precisam ser construídas para respeitar o próximo, mas também para dar o um passo adiante na desnaturalização da produção de identidades racistas que infelizmente todas nós conhecemos.
O projeto freiriano de educação cidadã e da pedagogia como prática libertadora está em boas mãos com nossas candidatas!